Daniela, quase trinta anos e só uns três sonhos definidos. O resto sempre foi “vamos ver no que vai
Daniela, quase trinta anos e só uns três sonhos definidos. O resto sempre foi “vamos ver no que vai dar”. Quando percebeu, já repetia livros, ignorava filmes e preferia não pensar no que ainda ia ser. Achava que a vida havia empacado, e empacava quando tentava encontrar maneiras de ir um pouco além. Dani “BFF” tem meu voto de confiança, mas nunca entendeu o porquê. Foi numa dessas madrugadas bêbadas de sono que ela me confessou que tinha se acostumado a deitar para tentar sonhar com soluções. É claro que ri um bocado, eu a entendo. Faço isso também. Só nunca achei que dividíssemos essa pouca razão.Eu e Dani nos sentamos um dia desses numa mesa de bar e nos prometemos que não conversaríamos sobre o futuro, nossa profissão, tampouco homens e que não cantaríamos músicas antigas. Sobraram séries, livros, e lá estávamos nós duas no mesmo mundinho de sempre. Rimos pela cilada em que havíamos caído. Dani soltou aquela gargalhada tímida dela e me perguntou se eu achava que passaríamos a vida inteira revivendo as coisas do passado. Gargalhei mais alto porque entendi que era óbvio que sim. Mas amanhã o hoje já é passado também. -- source link
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