- - Hans Magnus Enzensberger. ELA, AOS TRINTA E TRÊS Ela imaginara tudo bem diferente.Ainda es
- - Hans Magnus Enzensberger. ELA, AOS TRINTA E TRÊS Ela imaginara tudo bem diferente.Ainda este Volkswagen enferrujado.Certa vez, quase se casou com um padeiro.Antes, costumava ler Hesse, depois, Handke.Agora ela prefere resolver charadas na cama.De homens, não tolera abusos.Por anos foi trotskista, mas à sua maneira.Jamais tocou num cupom de racionamento.Quando pensa no Camboja, passa mal.Seu último namorado, o acadêmico, gostava de apanhar.Vestidos de batique esverdeados, largos demais para ela.Parasitas nas plantas à janela.Na verdade, queria pintar, ou emigrar.Sua tese, Luta de classes em Ulm, 1500a 1512, e suas marcas no cancioneiro:bolsas, começos, e uma maleta cheia de notas.De vez em quando, a avó manda-lhe dinheiro.Danças acanhadas no banheiro, caretas,horas de hidratante ao espelho.Ela diz: pelo menos não morrerei de fome.Quando chora, fica com cara de dezenove.[Tradução: Ricardo Domeneck].(http://ricardo-domeneck.blogspot.com.br/2012/05/traduzindo-hans-magnus-enzensberger-ii.html) -- source link