“Secando, as conchas aos poucos perdiam o brilho, como aquarelas, que deixam de ser radiantes
“Secando, as conchas aos poucos perdiam o brilho, como aquarelas, que deixam de ser radiantes quando secam.”“Sim, todos os pintores chegavam a isso, no final. Primeiro uma batalha com a imagem e então, finalmente, uma batalha com a própria luz, uma luta para capturar aquela luz, uma poeira mágica que o pintor podia polvilhar sobre tudo - aquela luz quente em cima dela agora, o sol do Midi quente em cima dela, pela janela do trem, e Annie se sentiu excitada agora naquela luz quente e sexual que havia excitado tantos pintores, criando pinturas tão quentes, paisagens de luz e desejo…” “Não foram tantos momentos diurnos que haviam passado juntos, e era como se pensássemos de outro modo durante a noite, como se a mente sofresse uma transformação intangível quando o sol se escondia. Com a escuridão a mente se tornava um animal diferente, adormecido, de olhos fechados, sonolento, enquanto o resto do nosso ser continuava, sem piloto, ainda solicitado a respirar e agir. E a noite se tornava uma paisagem cheia de sombra, suculenta, com carnes que apalpávamos. O dia era outra terra, onde tudo era claro, onde tudo se destacava com clareza, fatos se destacando como marcos de referência, tudo claro, lógico e definido pela razão.” (trechos de Amor nos tempos de fúria).- - Lawrence Ferlinghetti. -- source link