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Fiquei refletindo no que eu poderia escrever no segundo dia em homenagem a Bast, já que na última postagem comentei um pouco sobre a origem do culto, enfatizando os arquétipos Dela enquanto protetora e devoradora. Cheguei à conclusão que talvez fosse interessante me debruçar um pouco mais sobre os locais de culto de Bast em Kemet (Egito). Espero que gostem! Dua Bast!7 dias de culto em homenagem ao amor e ferocidade de Bast- DIA 2 -Locais sagrados para Bastet Algumas semanas atrás eu tive um sonho bem interessante em que eu estava numa casa do interior nordestino brasileiro repleta de gatos com uma espécie de aura sagrada. No próprio sonho me perguntei se aquilo (vários gatos unidos em um local) era uma forma moderna de identificarmos a presença da energia de Bast. Claro que essa divindade vai muito além do que a representação do animal gato em si, cuidadora dos bichanos não é o único arquétipo Dela. Mas o sonho me fez refletir sobre como eram os locais sagrados para Bast já que hoje todos os templos dedicados a ela estão em ruínas no Egito. Decidi então revisitar principalmente a cidade de Bast em Kemet, Per-Bast, ou Bubastis em grego, a atual Tell Basta que fica no Baixo Egito. A terra de Per-Bast (“o domínio de Bast”) foi explorada pela primeira vez em 1887 por Édouard Naville, sendo escavada inúmeras vezes durante o correr dos anos. O grande culto da Deusa Bast neste local é mais recente em termos históricos, mas existem registros antigos em Memphis, onde ela provavelmente era associada a Sekhmet. Milhares de fragmentos de pedra de sepultamentos da 2ª dinastia (2800 anos antes da Era Comum) foram descobertos em Memphis, alguns contendo inscrições curtas mencionando divindades, incluindo uma Bastet retratada como mulher com cabeça de leoa, além de sacerdotes e um possível local de culto a Ela. Bast teve culto em outros locais além de Memphis e Per-Bast, como em Heliópolis, onde era considerada “Filha de Tem”, por uma possível conexão com Tefnut. Ela também era cultuada em Herakleopolis, numa cidade chamada “Colina de Bast”; no Delta Leste, onde era vista como “Ba-ir-Ra-st nas Águas de Ra” e em Denderah por meio de seu sincretismo com Het-hert (Hathor). Em alguns locais Denderah é referida como a “Bubastis do Sul”, que talvez seja um indício da adoração à Bast ser nacional e não apenas regional. Não foi entrado em consenso sobre como o culto de Bast mudou de sua residência inicial em Memphis e se encaminhou até Per-Bast (Bubastis). Existe uma teoria de que, no início do terceiro milênio, leões viviam no Delta (na área da atual Tell Basta) atraídos por grandes criações de gados, consequentemente os keméticos da época poderiam ter iniciado sua adoração observando principalmente as leoas que trazem em sua própria biologia a característica de serem exímias caçadoras. O primeiro atestado de Bastet em Per-Bast data do reinado de Pepi I da 6ª dinastia (por volta de 2270 antes da Era Comum). Uma das evidências para isso vem do acabamento superior da porta decorada no templo Ka do rei, mostrando Bastet e Hathor. A partir do Novo Império, o culto a Bastet teve uma grande popularidade, principalmente quando foi para fora do Egito, seus templos em Sakkara e Alexandria são testemunhas desse culto cada vez mais relacionado às grandes cidades, atraindo estrangeiros de várias culturas. Em suas viagens pelo Egito, o famoso historiador grego Heródoto descreveu templos, mitologias e suas próprias percepções da cultura kemética. É importante frisar que o material produzido por ele não pode ser levado como uma verdade absoluta do que aquilo um dia foi, mas tem grande importância enquanto pistas. E por volta de 450 anos antes da Era Comum, Heródoto foi a Per-Bast e descreveu o templo da Deusa felina, assim como “Bastet Triunfante”, o aparentemente famoso festival anual em homenagem à Bastet. Sobre o festival, ele menciona:“[…] quando eles estão vindo para a cidade de Bubastis, fazem o seguinte: navegam homens e mulheres juntos e uma grande multidão de cada sexo em cada barco; algumas das mulheres têm chocalhos, enquanto alguns dos homens tocam flauta durante todo o tempo da viagem, e o resto, mulheres e homens, cantam e batem palmas; e quando eles navegam e chegam em frente a qualquer cidade no caminho, trazem o barco para a terra, e algumas das mulheres continuam a fazer o que eu disse, outras choram e zombam das mulheres daquela cidade, algumas dançam e alguns se levantam e puxam suas vestes. Eles fazem isso em todas as cidades ao longo da margem do rio; e quando eles vêm para Bubastis, realizam um festival celebrando grandes sacrifícios, e mais vinho é consumido naquele festival do que durante todo o resto do ano. A este lugar (assim dizem os nativos) eles se reúnem ano a ano até o número de setenta miríades de homens e mulheres, além de crianças.” (Hd. II, 60) Dentro da discussão acadêmica, a natureza desses eventos está ligada à fertilidade dos gatos e seu comportamento durante a estação de acasalamento, de acordo com essa visão, os celebrantes poderiam estar explorando essa fertilidade em suas próprias vidas. Outras evidências documentam a embriaguez e atividades que violavam intencionalmente os padrões sociais aceitos na época, esse tipo de comportamento diferente em celebrações fervorosas aparentemente agradava às deusas egípcias, especialmente aquelas que apareciam como leoas - Bastet e Sekhmet, mas também Mut e Hathor. Heródoto também descreveu o templo antigo de Per-Bast, onde mencionou principalmente dois canais com cerca de 30 m de largura, que circundavam o edifício de uma forma que parecia uma ilha, essa informação foi confirmada através de novas pesquisas arqueológicas e geofísicas (para saberem mais procurem os trabalhos da Drª. Eva Lange-Athinodorou). E descobertas recentes em Tell Basta permitiram a reconstrução da arquitetura e decoração de um espaço em que a Deusa Bast é descrita como “Bastet, Senhora do santuário” que aparentemente abrigava uma imagem para procissões. Nas tradições keméticas mais antigas, contam que a estátua de Bastet viajava nos canais sagrados ao redor de seu templo em uma espécie de drama baseado em mitos locais. Através de pistas e fatos da arqueologia e da história, podemos tentar entender o que um dia os espaços sagrados de Bastet representavam e como as pessoas provavelmente se comportavam neles. Um ponto importante desta pequena pesquisa, é a descrição da Deusa Bast enquanto “Senhora do santuário”, uma divindade que guarda e é dona de espaços sagrados, remontando a própria origem de culto Dela, intimamente relacionada como a protetora dos locais reais e das duas terras (Baixo e Alto Egito). É interessante também observarmos pistas da probabilidade do culto de Bast ter sido de nível nacional e não apenas presentes em poucas cidades. É notória a importância de Per-Bast para a difusão e grande ponto de poder no culto em massa de Bastet, tentar imaginar como seria naquele período, alimenta nossos sentidos e nos transporta para locais sagrados. Mesmo que hoje não tenhamos acesso físico a totalidade desses templos antigos, podemos estar criando dentro de nossas próprias casas espaços de culto para Bast. Que essa maravilhosa Deusa possa ser a Senhora de nossos santuários e continuar nos abençoando! “Bastet, a Grande, a Senhora de Bubastis, o Olho de Rá, que está em Behedet, que se senta no trono, que fere os inimigos, que é protegida por deuses” DUA BAST! Autora: Appalachia (iohara Quirino) Referências- Bast: Cult Centers in Ancient Egypt por per-Bast.org.- The Goddess Bastet and the Cult of Feline Deities in the Nile Delta por Eva Lange-Athinodorou.- The Naos of ‘Bastet, Lady of the Shrine’ from Bubastis por Daniela Rosenow.- Goddess on the Water: the sacred landscape Bubastis por Eva Lange e Tobias Ullmann. - “The cat of Bastet” por Nora E. Scott do The Metropolitan Museum of Art Bulletin. -- source link
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